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Artigo

Mês da Consciência Negra e o perigo da política de eventos pontuais

Desafio é que a data se torne uma prática constante e transformadora, aplicável nas escolas, nas empresas e na cultura

01.nov.2024 às 21h30
São Paulo (SP)
Jade Alcântara Lôbo

A parada é realizada pelo Coletivo AMEM em parceria com Casa 1 e BATEKOO - Luan Batista/Parada Preta/Divulgação

O adiamento da Batekoo Festival 2024, que celebraria uma década de fortalecimento do empreendedorismo negro e da cultura periférica em mais de dez estados brasileiros, traz uma importante alerta neste Mês da Consciência Negra. Marcado para novembro, o evento foi postergado para o próximo ano devido à falta de apoio, um reflexo dos desafios persistentes que organizações negras enfrentam no mercado publicitário, onde o racismo e a exclusão estrutural continuam a dificultar parcerias e financiamentos.

Batekoo é uma festa que se traduz na prática como um grande movimento cultural que celebra a cultura negra, LGBTQ+ e afrofuturista, misturando ritmos como hip-hop, funk, trap, e kuduro. Criada por Maurício Sacramento e Wesley Miranda com eventos em várias cidades brasileiras, promove o empoderamento das minorias, criando um espaço inclusivo para a expressão da pluralidade social e cultural.

Embora o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra tenha sido reconhecido oficialmente em 2011 e recentemente se tornado feriado nacional com a sanção da Lei n.º 14.759/2023, esse tipo de reconhecimento ainda não se traduz em apoio efetivo e contínuo para iniciativas que promovem e valorizam a cultura negra no Brasil.

O caso da Batekoo exemplifica como o racismo institucional e a falta de compromisso vão além do ambiente educacional e se estendem ao mundo corporativo, onde campanhas e eventos voltados para a Consciência Negra muitas vezes são tratados como ações isoladas e de curto prazo.

O desafio é garantir que a Consciência Negra não se limite a uma política de eventos ou datas simbólicas, mas que se torne uma prática constante e transformadora, aplicável tanto nas escolas quanto no setor empresarial, de cultura e eventos.

Educação: um compromisso não cumprido

A Lei 10.639, de 2003, já previa a inclusão da história e da cultura afro-brasileira no currículo escolar, cobrindo tanto instituições públicas quanto privadas. No entanto, essa exigência é aplicada de forma superficial e muitas vezes equivocada, sendo restrita ao mês de novembro, com pouca continuidade ao longo do ano.

A falta de formação dos professores para tratar dessa temática é uma das razões desse problema. A implementação dessa lei exige uma reforma curricular que inclua a valorização da cultura negra e indígena como parte integrante da formação dos futuros educadores, de modo que o ensino dessa cultura seja estruturado e fiscalizado. A ausência de material didático adequado e a desconsideração das raízes africanas e indígenas em disciplinas como matemática, ciências e história contribuem para o apagamento cultural.

Tal situação fomenta a percepção de que a experiência negra no Brasil se resume à escravização e à marginalização, ignorando as contribuições culturais presentes em nossa alimentação, dança, música e linguagem. Nossos dialetos, o azeite de dendê, o samba, o funk, o axé: tudo isso é a experiência negra no Brasil. Compreender isso é essencial. 

A representatividade negra nas empresas: consciência ou mercado?

O aumento do poder de consumo da população negra, que movimenta aproximadamente R$ 1,7 trilhão ao ano, segundo o Instituto Locomotiva, não ou despercebido pelo mercado. Cada vez mais, empresas direcionam suas campanhas para o público negro, cientes do impacto econômico dessa população. No ano ado, a Uber promoveu a ação "Cultura Negra em Movimento", oferecendo viagens gratuitas para locais que celebram a cultura e a história negras, como exposições, festivais, museus e restaurantes, nas cidades de São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Recife.

Contudo, especialmente no setor de eventos, cultura e lazer, muitas dessas ações são pontuais, restritas ao mês da Consciência Negra, e não refletem uma real transformação interna. Apesar de os consumidores negros preferirem marcas que os representem, como indica a pesquisa Think Etnus (2017), persiste um sentimento de desconfiança sobre o verdadeiro compromisso dessas empresas com a inclusão e o combate ao racismo. Por outro lado, as iniciativas de empreendedores negros enfrentam desafios significativos em termos de investimento, como evidenciado pelo caso da Batekoo.

A presença negra em cargos de destaque nas empresas é frequentemente limitada, e práticas internas seguem reproduzindo desigualdades. Empresas que realizam campanhas voltadas ao público negro em novembro nem sempre promovem um ambiente verdadeiramente antirracista e inclusivo ao longo do ano. É essencial que a luta por igualdade salarial e progressão de carreira não seja negligenciada. 

Onde estão os funcionários negros ao longo do ano? Estão em cargos compatíveis com sua formação, ou limitados a posições júnior? Recebem o mesmo que outros profissionais com a mesma senioridade? Suas opiniões são valorizadas ou apenas ouvidas em novembro? Sem uma política efetiva de equidade de gênero e raça, sem remunerações justas e trajetórias profissionais adequadas, muitas empresas acabam reduzindo a data a uma estratégia de marketing, resultando em uma “consciência negra” orientada ao lucro, sem compromisso autêntico com a transformação social.

A consciência negra além da política de eventos

Mais do que uma data comemorativa ou um evento anual, o mês da Consciência Negra precisa ser um ponto de partida para mudanças estruturais em todas as esferas da sociedade. Esse é o momento de pressionar por políticas públicas que sejam de fato implementadas, e que garantam uma educação antirracista, presente tanto nas escolas públicas quanto nas privadas.

Além disso, os espaços de lazer e de convivência precisam ser seguros e íveis à população negra, para que todos possam se ver representados e acolhidos, sem serem alvo de práticas de exclusão. No mercado de consumo, a ausência de produtos como protetores solares, maquiagem e itens de cuidados estéticos adaptados à pele negra é outra forma de racismo, pois ignora as necessidades e existência desses consumidores, configurando racismo por omissão.

Em suma, é urgente que o Brasil supere a abordagem simbólica e avance para uma política de transformação estrutural que valorize e reflita a importância da população negra em todos os setores da sociedade. A conscientização deve se tornar prática permanente, sustentada por ações contínuas e comprometidas, não limitadas ao calendário de novembro. Precisamos de uma Consciência Negra que, em vez de ser celebrada ocasionalmente, seja um pilar essencial na construção de um Brasil de fato plural.

* Jade Alcântara Lôbo (@jadealobo) é uma antropóloga e escritora baiana, doutoranda na UFSC e pesquisadora de temas como relações étnico-raciais e cosmopolíticas afroindígenas. Graduada pela UNILA e mestre pela UFBA, foi bolsista em Harvard – ALARI e é associada da ABPN. É autora do livro Para Além da Imigração Haitiana e editora da Revista Odù.

**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Editado por: Martina Medina
Tags: consciência negraracismo
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