Brasil de Fato 4r1m3q Uma visão popular do Brasil e do mundo Sat, 07 Jun 2025 14:06:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 https://assets.brasilbrasildefato-br.parainforma.com.br/2024/09/cropped-favicon-32x32.webp Brasil de Fato 4r1m3q 32 32 ‘Eu fico pasmo com o silêncio do mundo’ 323x2d reitera Lula sobre genocídio em Gaza /2025/06/07/eu-fico-pasmo-com-o-silencio-do-mundo-reitera-lula-sobre-genocidio-em-gaza/ <![CDATA[Rodrigo Gomes]]> Sat, 07 Jun 2025 13:52:12 +0000 <![CDATA[BdF]]> <![CDATA[Internacional]]> <![CDATA[Política]]> /?p=702679 <![CDATA[Lula: 'a ONU, que teve coragem de criar o Estado de Israel, não tem força para criar o Estado Palestino']]> <![CDATA[

Durante coletiva de imprensa realizada na manhã deste sábado (7), no hotel Intercontinental, em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a condenar de forma enfática o que classificou como genocídio em Gaza e criticou a inoperância da governança global diante do conflito. 6c1mp

Em sua fala, Lula destacou a violência enfrentada pela população palestina e a falta de reação da comunidade internacional. “Tão grave quanto a Ucrânia é Gaza. A guerra entre Ucrânia e Rússia são dois exércitos formais brigando. Em Gaza não, é um exército altamente profissionalizado matando mulheres e crianças”, afirmou.

“Eu fico pasmo com o silêncio do mundo. Parece que não existe mais humanismo nas pessoas. ‘Ah, palestino pode morrer’. Palestino não é ser inferior, palestino é gente como nós. Ele tem o direito de ter o terreno dele. Foi demarcada em 1967 a área em que os palestinos poderiam construir o seu país. Está sendo tomada essa terra demarcada em 1967”, complementou o presidente.

Lula também apontou a fragilidade das Nações Unidas diante da crise. “A nossa briga por governança é isso. A ONU que teve coragem de criar o Estado de Israel, não tem força para criar o Estado Palestino. Estão dizimando uma nação, a pretexto de quê?”

“Nós também criticamos o Hamas quando fez a invasão a Tel Aviv. Agora, o que ninguém responde é como a inteligência de Israel permitiu que alguém de asa delta invadisse Tel Aviv. Sinceramente, tem coisas que meus anos de escolaridade não me permitem compreender. E tem outras guerras. Este é o período que temos mais conflitos desde a Segunda Guerra Mundial”, destacou.

A coletiva contou com a presença de diversos ministros, incluindo o chanceler Mauro Vieira e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Após o encontro com a imprensa, Lula seguiu para Nice, de onde embarcará de volta ao Brasil no começo da semana.

Em sua fala, o presidente reforçou os laços de amizade entre Brasil e França, além de reiterar seu pedido pela aprovação do Acordo União Europeia–Mercosul. Segundo Lula, o Brasil não deseja prejudicar pequenos agricultores ses, mas acredita ser possível chegar a um entendimento entre as partes envolvidas.

Sobre a guerra na Ucrânia, ele afirmou que um acordo já está delineado, restando apenas “coragem para colocar as cartas na mesa”.

Carta entregue ao presidente 4i6y2g

Lula recebeu na quinta-feira (5), durante um encontro com a comunidade brasileira na Prefeitura de Paris, a ‘Carta Aberta sobre o Genocídio do Povo Palestino‘, que cobra a aplicação de sanções contra o Estado de Israel. O documento foi assinado por mais de 12 mil pessoas e organizações por meio de formulário online.

“É indispensável que o Brasil se junte às demais nações que aplicaram sanções ao regime israelense, rompendo relações diplomáticas e comerciais com o estado sionista de Israel, através de embargo militar bilateral e embargo enérgico, e revogue o tratado de livre comércio em vigor, alinhando-se ao parecer de especialistas das Nações Unidas que prevê que, para o cumprimento da decisão da CIJ, os Estados devem cancelar ou suspender relações econômicas, acordos comerciais e relações acadêmicas com Israel’ até que este cumpra as determinações para pôr fim ao genocídio, ocupação e apartheid e respeitar a autodeterminação do povo palestino”, afirma o documento.

Entre os signatários estão como Chico Buarque, Erika Hilton, Glauber Braga, Gregório Duvivier, Luiza Erundina, Milton Hatoum, Ney Matogrosso, Paulo Sérgio Pinheiro, além de dezenas de entidades e movimentos da sociedade civil.

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Com Evo de fora 5v6f53 Bolívia terá 9 candidatos para eleição presidencial de agosto /2025/06/07/com-evo-de-fora-bolivia-tera-9-candidatos-para-eleicao-presidencial-de-agosto/ <![CDATA[Lorenzo Santiago]]> Sat, 07 Jun 2025 13:10:56 +0000 <![CDATA[Internacional]]> <![CDATA[Política]]> <![CDATA[evo morales]]> /?p=702659 <![CDATA[Principal nome da esquerda é Andrónico Rodriguez, candidato da Aliança Popular; disputa entre Evo e Arce gera dúvida]]> <![CDATA[

O Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia (TSE) divulgou nesta sexta-feira (6) a lista dos 9 candidatos que disputarão as eleições presidenciais de 17 de agosto. O principal nome da esquerda é o presidente do Senado, Andrónico Rodriguez. Além de enfrentar a oposição, ele também terá a tarefa de unir o bloco progressista, que hoje enfrenta uma divisão entre apoiadores do atual presidente, Luís Arce, e do ex-mandatário, Evo Morales.

Andrónico conseguiu registrar sua candidatura pela Aliança Popular depois de um ime judicial sobre o registro da sigla. O grupo não havia trocado a diretoria em um tempo hábil e o TSE analisou a participação do partido, que foi autorizado a estar no pleito. Ele enfrentará agora outros 2 candidatos de esquerda: o ex-ministro do atual governo Eduardo Del Castillo (representando o Movimento Al Socialismo) e a prefeita de El Alto, Eva Copa (Morena).

Eles serão acompanhados nas urnas por outros 6 candidatos. Os principais nomes da direita são o empresário Samuel Doria Medina (Alianza Unidad), o ex-presidente Jorge Fernando Tuto Quiroga (Alianza Libertad Y Democracia) e o prefeito de Cochabamba, Manfred Reyes Villa (Autonomia Para Bolivia).

Outros três nomes de menor peso completam a lista: Fidel Tapia Zambrana (Nueva Generación Patriótica), Max Jhonny Fernandez Saucedo (Alianza Fuerza Del Pueblo) e Rodrigo Paz Pereira (Partido Demócrata Cristiano).

Mas parte da expectativa da divulgação da lista de candidatos ficou pela ausência de Evo Morales no pleito. Ele não pôde se candidatar depois de uma decisão do Tribunal Constitucional Plurinacional da Bolívia (T), que decretou, em dezembro de 2023, que presidentes e vice-presidentes só poderiam exercer o cargo por dois mandatos, de forma seguida ou não. Com a sentença judicial, Evo Morales, que foi presidente por três mandatos, não poderia voltar ao poder.

Ele, no entanto, insistiu até o último momento e convocou apoiadores para irem às ruas, que pediram a aprovação da sua candidatura.

Apoiadores do ex-presidente criaram o movimento Evo Pueblo e tentaram inscrevê-lo digitalmente pelo partido Ação Nacional Boliviana (Pan-bol). O TSE, no entanto, rejeitou a candidatura

No momento, as pesquisas de intenção de voto ainda indicam um cenário incerto. Um levantamento da Ipsos Ciesmori, realizado em maio, indicava que Doria Medina liderava com 19,1% das intenções de voto, seguido por Quiroga (18,4%), Andrónico Rodríguez (14,2%) e Reyes Villa (7,9%). 

Já uma pesquisa anterior, realizada em março pela Red Uno, colocava Andrónico na liderança com 18%, seguido de perto por Doria (17%) e Quiroga (16%). 

Andrónico terá uma tarefa difícil: articular a esquerda no país para vencer o pleito. Evo Morales foi presidente por três mandatos e nos últimos anos iniciou uma disputa interna em seu antigo partido, o MAS, contra o atual presidente e seu ex-ministro da Economia, Luis Arce. Esse movimento criou um racha no bloco de esquerda e o próprio Arce renunciou a candidatura para evitar ser um “ponto de conflito” para o progressismo boliviano. 

Com apenas 36 anos, Andrónico chama atenção entre a nova geração de políticos da Bolívia, que representam os movimentos populares, com parte dos analistas bolivianos considerando-o “sucessor natural” de Evo Morales. Essa relação está muito vinculada ao fato de o jovem ter tido uma formação política como dirigente cocalero, assim como o ex-presidente.

Filho de produtores agrícolas do movimento sindical cocalero, testemunhou e participou de diversas reuniões de intenso debate político.

Andrónico foi crescendo no movimento sindical ao longo do tempo, enquanto desenvolvia outros trabalhos, como a participação em um programa musical de rádio. Com 18 anos, se mudou para Cochabamba para estudar Ciência Política na Universidade Mayor de San Simón. A região é berço político de Evo e tem forte produção cocalera, o que o aproximou do MAS, o qual integravam tanto Evo como Arce.

Se tornou presidente da Casa Alta e teve um papel de negociação e conciliação com a oposição, além de manter distância considerável do presidente Luis Arce. Andrónico também se afastou nos últimos meses de Evo Morales, depois que o ex-presidente foi acusado de “estupro e tráfico de pessoas”, por manter relações com uma menina de 15 anos em 2015, quando ainda era presidente.

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Três municípios de São Paulo voltam às urnas neste domingo 3b4x2l /2025/06/07/tres-municipios-de-sao-paulo-voltam-as-urnas-neste-domingo/ <![CDATA[Rodrigo Gomes]]> Sat, 07 Jun 2025 13:04:40 +0000 <![CDATA[Eleições]]> <![CDATA[Política]]> <![CDATA[eleições]]> /?p=702673 <![CDATA[Cerca de 70 mil pessoas devem participar das votações neste domingo (8)]]> <![CDATA[

Neste domingo (8), os eleitores de Mongaguá, Panorama e Bocaina, em São Paulo, voltam às urnas para escolher prefeitos e vice-prefeitos em eleições suplementares. O novo pleito foi convocado pela Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) após o indeferimento do registro dos candidatos eleitos em 2024.

Nos três municípios, a previsão é que 70 mil eleitores participem do pleito. A votação vai das 8h às 17h. A diplomação dos eleitos deve ocorrer até 11 de julho.

Em Mongaguá, a 189ª Zona Eleitoral, de Itanhaém, é responsável pela organização das eleições, que contam com 17 locais de votação e 146 seções eleitorais.

A nova disputa pela prefeitura da cidade do litoral paulista foi motivada pelo impedimento do candidato eleito, Paulo Wiazowski Filho, do PP, que teve as contas rejeitadas pela Câmara Municipal em 2012, quando ainda era prefeito.

Em maio, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cancelou o registro da candidatura de Wiazowski e convocou novas eleições. Desde então, o presidente da Câmara Municipal, Luiz Berbiz de Oliveira, do União, comanda a istração municipal.

Os candidatos à eleição de domingo são Cristina Wiazowski, do PP, que tem como vice Júlio Cezar de Carvalho Santos, do PDT, e Rodrigo Cardoso Biagioni, o Rodrigo Casa Branca, do União, e Renato Carvalho Donato (PSB), que concorre a vice-prefeito.

Panorama 4t1q3p

Em Panorama, a 175ª Zona Eleitoral, de Tupi Paulista, é a responsável pelo pleito. São seis locais de votação e 39 seções eleitorais. O prefeito eleito no último pleito, Edson de Assis Maldonado, do PP, teve a candidatura indeferida pelo TRE-SP em razão de condenação pelo crime de falso testemunho e pela Lei da Ficha Limpa.

As duas chapas inscritas na disputa são a do Dr. Giulio Pires, do PL, tendo como vice, Valdez de Brito, do União Brasil, e a de Daniel Genova, do PSB, e Inês Francisca da Silva Chiararia, do Republicanos, que concorre a vice.

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Já em Bocaina, a responsabilidade pelas eleições é da 241ª Zona Eleitoral, de Dois Córregos, que conta com cinco locais de votação e 31 seções eleitorais. Moacir Donizete Gimenez, do Republicanos, foi condenado por ato de improbidade istrativa praticado com dolo, má-fé, lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito de terceiros.

As quatro chapas inscritas são formadas por Caio Crepaldi e André de Moraes, ambos do MDB; Jonas Marques e Evandro de França Antunes, do PDT; Camila dos Santos e Marcos Antônio Bodin, do PL; e Roberto Donizete, do PV, e Marlene Aparecida Meleto Tosi Zanutto, do Republicanos.

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Inscrições do Enem são prorrogadas até 13 de junho 4xiu /2025/06/07/inscricoes-do-enem-sao-prorrogadas-ate-13-de-junho/ <![CDATA[Rodrigo Gomes]]> Sat, 07 Jun 2025 12:51:42 +0000 <![CDATA[Educação]]> /?p=702669 <![CDATA[Apesar da mudança, os dias de aplicação das provas estão mantidos: 9 e 16 de novembro]]> <![CDATA[

O Ministério da Educação (MEC) prorrogou as inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) até o dia 13 de junho. O prazo terminaria nesta sexta-feira (6). O novo prazo também se aplica aos pedidos de atendimento especializado para pessoas com deficiências físicas ou intelectuais e de tratamento por nome social. As inscrições são realizadas exclusivamente pela Página do Participante.

Com a alteração, algumas datas relativas ao Enem foram alteradas. O pagamento da taxa de inscrição de R$ 85 agora vai até 18 de junho e pode ser realizado via boleto bancário, PIX ou cartão de crédito. O resultado do pedido de atendimento especializado e/ou nome social será divulgado em 20 de junho, com possibilidade de recurso até 27 de junho.

Já a aplicação das provas e os resultados não mudou. A prova geral será aplicada nos dias 9 e 16 de novembro. Devido aos eventos da COP 30, a prova para estudantes das cidades de Belém, Ananindeua e Marituba, no Pará, será aplicada nos dias 30 de novembro e 7 de dezembro. E a reaplicação da prova será nos dias 16 e 17 de dezembro.

O resultado do Enem 2025 será divulgado no dia 16 de janeiro de 2026.

Segundo informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de inscritos já ultraou os 5 milhões, até o momento. Em 2024, foram 4.325.960 estudantes inscritos.

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Guerra na Ucrânia 411l53 escalada de ataques enfraquece negociações de paz /2025/06/07/guerra-na-ucrania-escalada-de-ataques-enfraquece-negociacoes-de-paz/ <![CDATA[Serguei Monin]]> Sat, 07 Jun 2025 12:31:08 +0000 <![CDATA[Internacional]]> /?p=702661 <![CDATA[Ataque ucraniano a bases aéreas russas e retaliação de Moscou em meio ao processo de negociações entre Rússia e Ucrânia]]> <![CDATA[

A Rússia prometeu uma retaliação ao ataque sem precedentes que a Ucrânia lançou contra bases aéreas russas no último domingo, e a reação veio dias depois. Na madrugada da última sexta-feira (6), a Rússia realizou um ataque massivo com mísseis e drones contra a Ucrânia. A escalada acontece na mesma semana em que foi realizada a segunda rodada das negociações entre Moscou e Kiev.

De acordo com as Forças Armadas Ucranianas, A Rússia lançou 407 drones e 44 mísseis contra o território ucraniano, deixando ao menos três pessoas mortas. Essa ação foi uma resposta aos ataques ucranianos em território russo do último fim de semana, que aconteceram antes da segunda reunião em torno de um cessar-fogo, realizada em Istambul, na Turquia.

Foram dois ataques diferentes realizados no mesmo dia, no domingo, 1º de junho. Um deles foi uma explosão de duas pontes nas regiões russas de Bryansk e Kursk. Uma delas caiu em cima de um trem de ageiros e outra levou ao descarrilamento de outro trem. Pelo menos sete pessoas morreram e mais de 120 ficaram feridas. Moscou classificou a ação como “um ataque terrorista do regime de Kiev”.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que esses ataques tiveram como objetivo prejudicar as negociações em andamento entre Moscou e Kiev.

“Todos os crimes cometidos contra civis, incluindo mulheres e crianças, na véspera de mais uma rodada de negociações de paz sugeridas por nós em Istambul, tiveram, obviamente, como objetivo frustrar o processo de negociação. O ataque foi um golpe deliberado contra a população civil”, afirmou.

Já a operação em bases militares aéreas russas foi mais marcante do ponto de vista estratégico, atingindo vários aeródromos militares e danificando mais de 40 aeronaves. Não é a primeira vez que Kiev consegue atingir bases aéreas russas, mas a particularidade da operação Teia de Aranha, como foi chamada, foi de ser planejada e executada de dentro do território russo, chegando a atingir regiões tão distantes, como a Sibéria, pela primeira vez em toda a guerra.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o professor de Relações Internacionais da UFRJ, Fernando Brancoli, ao comentar os detalhes da operação ucraniana, afirma que trata-se de uma das maiores operações assimétricas – quando o lado mais fraco militarmente utiliza táticas não convencionais para compensar a diferença de poder militar – dos últimos 20 anos.

O professor de Relações Internacionais observa que o ataque consistiu em um envio de drones “relativamente pequenos e simples com artefatos explosivos acoplados” que foram lançados contra aeronaves russas que estavam espalhadas pelo país. O ataque atingiu cinco regiões russas — Murmansk, Irkutsk, Ivanovo, Ryazan e Amur.

O analista destaca que a grande particularidade deste ataque é que os drones usados foram montados dentro da Rússia a partir de uma operação de infiltração do serviço secreto ucraniano no país.

“O serviço secreto ucraniano conseguiu invadir e se infiltrar na Rússia, alugou um galpão, ou o que indica, mais de um galpão, e começou a importar, obviamente de maneira ilegal, esse material e montar [os drones] dentro da Rússia. Este material é colocado dentro de um caixote bastante grande de madeira. Usando empresas russas de transporte, alegando que se tratava de uma casa pré-fabricada, esses caminhões são espalhados pelo país, chegando a bases de mais de 4 mil km da fronteira entre Rússia e Ucrânia. E aí eles são operados à distância e efetivamente realizam os ataques”, explica.

De acordo com o Serviço de Segurança da Ucrânia, 34% dos porta-aviões de mísseis de cruzeiro estratégicos foram danificados em consequência dos ataques de drones ucranianos. Já Moscou buscou minimizar os danos materiais ao seu poderio aéreo, afirmando que o equipamento atingido poderia ser restaurado. 

O analista Fernando Brancoli aponta que, para além do dano material, há significado simbólico sobre o futuro dos combates militares. De acordo com o pesquisador, “existe uma certa certeza de que o conflito moderno vai ser lutado em parte por drones, e não necessariamente drones muito sofisticados”.

“A Ucrânia comprova que artefatos relativamente baratos que podem ser montados de uma maneira muito rápida, operados às vezes de maneira relativamente autônoma, que não exige um treinamento muito grande pro operador. São capazes de causar danos expressivos, capazes de modificar o status da guerra e, de novo, são baratos. A gente não está falando de um caça de sexta geração norte-americano que está na casa dos milhões de dólares. Estou falando de drones que são inúmeros, que você ganha na quantidade, que podem custar 300-400 reais. Então é algo relativamente ível dentro deste contexto.”

Outro aspecto importante no atual contexto da guerra da Ucrânia é que estes ataques foram realizadas na véspera da segunda rodada de negociações diretas entre Moscou e Kiev, que aconteceu na segunda-feira (2), em Istambul. Para Fernando Brancoli, as ações ucranianas foram deliberadas para pressionar a Rússia em meio às negociações.

“Os ataques acontecem em menos de 24h pro início dos encontros para uma discussão de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia na Turquia. É claro que isso foi pensado para pressionar de certa forma a Rússia, para argumentar que a Ucrânia ainda tem cartas na mesa dentro desse contexto”, argumenta.

Como resultado da segunda rodada das negociações em Istambul, Rússia e Ucrânia trocaram memorandos com propostas detalhadas sobre as condições de cada uma das partes para a resolução do conflito e também concordaram com uma nova troca de prisioneiros. No entanto, a Rússia rejeitou a proposta de um cessar-fogo incondicional e Kiev classificou as condições de Moscou como “inaceitáveis”. Não houve avanços concretos para a paz e a intensificação dos ataques de ambas as partes durante a semana marcam, pelo contrário, mais uma escalada do conflito.

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Agricultores de Portel (PA) denunciam prefeitura por tentativa de desmonte de assentamentos 1g272i /2025/06/07/agricultores-de-portel-pa-denunciam-prefeitura-por-tentativa-de-desmonte-de-assentamentos/ <![CDATA[Carolina Bataier]]> Sat, 07 Jun 2025 09:00:00 +0000 <![CDATA[Direitos Humanos]]> <![CDATA[Meio Ambiente]]> <![CDATA[Socioambiental]]> /?p=702601 <![CDATA[Comunidades acusam prefeito e secretário de minar direitos coletivos em áreas destinadas à reforma agrária ]]> <![CDATA[

O prefeito de Portel (PA), Paulo Ferreira (MDB) e o secretário do Meio Ambiente, Igor Diniz Nascimento, são acusados por agricultores e extrativistas de interferir na organização de assentamentos rurais do município, com o objetivo de enfraquecer essas comunidades e facilitar a venda de lotes.

A denúncia, apresentada em abril deste ano por quatro associações de extrativistas e agricultores e pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Portel, está registrada em ação civil pública que tramita na Vara Agrária de Castanhal.

As acusações são de desmonte de direitos coletivos, promoção de grilagem e impulsionamento do desmatamento em áreas preservadas e em lotes destinados à reforma agrária.

Para isso, os acusados incentivam moradores de assentamentos a solicitarem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) individual, o que facilita a venda das terras. E fazem isso abertamente, como é possível constatar em conteúdos que circulam em redes sociais.

Em um vídeo, o secretário discursa contra o Cadastro Ambiental Rural de Povos e Comunidades Tradicionais (CAR/PCT), ou CAR coletivo, aplicado em áreas de assentamento, citando vantagens do documento individual.

“Dificilmente, você aí que faz parte de um CAR coletivo, você vai ter financiamento junto ao banco (…) Quando existe essa questão da modalidade de CAR coletivo, bancos não têm interesse em fazer financiamento de crédito para pessoas que moram em assentamentos”, afirma Diniz, ignorando as funções distintas desses cadastros. O documento individual não pode ser aplicado em territórios de uso comunitário, como são os assentamentos.

Em outro conteúdo, o prefeito afirma que “não aceitaremos mais a questão de criação de glebas e mais glebas no território de Portel”.

Além do incentivo à busca pelo documento individual, a prefeitura ou a emitir declarações de posse dentro de assentamentos estaduais, onde vivem ribeirinhos assentados pelo Governo do Estado do Pará, conforme denuncia a ação.

“Essas declarações individuais de posse, emitidas pelo Prefeito em áreas de assentamentos coletivos, violam a natureza jurídica desses territórios e a legislação agrária e ambiental aplicável”, informa o texto.

“Eles andaram nas comunidades, falando que era para pedir o cancelamento dos assentamentos, porque tinha que se beneficiar individual”, conta Luzia*, agricultora e moradora do Projeto Estadual de Assentamento Agroextrativista (Peaex) Acangatá, onde vivem cerca de 400 famílias. Ela conta que, além de compartilhar vídeos nas redes sociais, o prefeito e o secretário fizeram visitas às comunidades para falar sobre as modalidades de cadastro e incentivar o abandono da posse coletiva da terra.

Pressionados, alguns moradores da área se uniram para buscar e legal e deram início à ação que tramita na justiça. “Desde o início da nossa organização, o prefeito de Portel foi contra a organização social, principalmente a criação dos assentamentos”, diz a agricultora.

Paulo Ferreira, prefeito de Portel – Reprodução/Facebook

Eleito pela primeira vez como prefeito em 2012, Ferreira está em seu terceiro mandato. Em 2016, ele tentou reeleição, mas foi vencido por Manoel Maranhense (PSC). Em 2020, Ferreira voltou ao Executivo e permanece no cargo até agora. Seu período de gestão coincide com a elevação das taxas de desmatamento no município.

Diniz assumiu a pasta do Meio Ambiente em janeiro de 2024 e ou auxiliar o prefeito no trabalho de convencimento dos moradores das comunidades rurais. “O CAR individual é infinitamente superior ao CAR coletivo. Fica a dica aí para vocês, tá, meus irmãos ribeirinhos. Leve essa mensagem para outras pessoas que têm dúvidas e tire esse esclarecimento”, afirma o secretário no vídeo que circula pelas redes sociais.

Ameaça às práticas coletivas 2v3g2b

O CAR coletivo tem como principal objetivo proteger os territórios tradicionais, habitados por extrativistas, ribeirinhos e outras comunidades cujos modos de vida se alinham à preservação ambiental.

Esse documento evita que frações dessas terras “sejam absorvidas por uma lógica individual e produtivista, incompatível com os modos de vida dessas comunidades”, explica Fernanda Ferreira, geógrafa, doutora em ciências sociais e especialista em análise ambiental e gestão do território.

No assentamento Deus é Fiel, os moradores vivem de extrativismo e agricultura. O trabalho garante a coleta de açaí, castanha e cultivo de mandioca para produção de farinha e outros derivados. Há também plantação de frutas e hortaliças. A área coletiva foi conquistada após décadas de espera e persistência.

“O território mesmo, mapeado, é demarcado pela comunidade desde os anos 90. Mas ele se tornou reconhecido, titularizado com a carta de concessão de direito real de uso somente em 2023”, conta Suzana*, moradora do Deus é Fiel.

O assédio do poder público municipal chegou até lá, fazendo com que algumas famílias aderissem ao CAR individual. Ao tomar essa decisão, elas foram excluídas da Relação de Beneficiários (RB) do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e barradas de benefícios, como o o a crédito pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, cujo valor chega a R$ 52 mil. Essa modalidade de crédito é destinada a moradores de áreas com CAR coletivo.

“Eles não podem ar porque não constam nem no CAR coletivo e nem na Relação de Beneficiários”, informa Suzana.

O CAR individual é um documento autodeclaratório, ou seja, o alegado proprietário da área pode fazer o registro nos sistemas estaduais de cadastramento. No entanto, após o registro, o cadastro a por um processo de validação do órgão ambiental, como a Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), no Pará. Quando é feito sobre área pública, o documento individual é suspenso e cancelado.

O processo de cancelamento, no entanto, pode levar tempo, porque requer denúncia e procedimentos istrativos, como explica o advogado Guilherme Sobral, que representa os agricultores na ação civil pública. “E o cancelamento, até acontecer, muita coisa já aconteceu no território, como por exemplo, venda de terra, grilagem, transformação da floresta em agropecuária”.

Avanço do desmatamento 1g651i

Os modos de vida e as práticas de agricultura nos assentamentos garantem a preservação ambiental nessas áreas. Dados do Relatório Anual de Desmatamento (RAD), da plataforma MapBiomas, indicam que 9% do total da área desmatada no Brasil em 2024 fica em assentamentos. Já os imóveis rurais privados, como fazendas, representam 64% do desmatamento de 2024.

Localizado no arquipélago do Marajó, Portel tem um território maior que o estado do Sergipe e uma vasta extensão de floresta preservada – que, no entanto, vem diminuindo. A perda da vegetação nativa, substituída por pastos, se acentuou nos últimos anos.

Em 2013, o município tinha uma área de pastagem de 80,5 mil hectares. Em 2020, a área era de 178 mil e, em 2023, quase 259 mil hectares.

O rápido avanço da devastação levou o governo federal a incluir Portel na lista de municípios prioritários em ações de controle de desmatamento. Atualmente, 80 municípios estão na lista de atenção, porque representam 78% de todo o desmatamento registrado no bioma.

A relação de municípios prioritários faz parte do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), e estabelece orientações e ações para a preservação da floresta. Municípios com bons resultados na contenção da devastação são retirados da lista. Portel continua lá, desde 2017.

Em 2024, o Brasil registrou queda no desmatamento em todos os biomas. Alguns municípios, no entanto, seguiram na contramão da preservação. Portel é um deles, ficando em 9ª posição entre os 50 que mais desmatam a Amazônia, de acordo com levantamento do MapBiomas. De 2023 para 2024, a devastação por lá teve aumento de 42%.

Na ação, o advogado Guilherme Sobral indica a relação direta entre o incentivo da busca pelo CAR individual e o aumento do desmatamento.

“O Secretário, ao desmerecer o CAR coletivo (CAR-PCT) e recomendar o CAR individual para facilitar a venda de gado e da própria terra coletiva, tem como consequência o incentivo às atividades da pecuária extensiva e da venda de terra pública, que são vetores conhecidos de desmatamento na Amazônia”, informa.

Município teve denúncias por projetos de créditos de carbono 126g3

O município de Portel tem um histórico de interesses políticos e empresariais sobrepostos aos direitos das comunidades tradicionais. Em 2022, a gestão municipal publicou uma lei autorizando o funcionamento de projetos de créditos de carbono em glebas e assentamentos estaduais, pertencentes ao governo do Pará e em posse de comunidades tradicionais.

Em 2023, a Defensoria Pública do Estado do Pará ajuizou cinco ações contra a prefeitura e empresas nacionais e estrangeiras responsáveis por esses projetos.

Além do uso de terras públicas para a obtenção de lucro com a venda de créditos de carbono, as empresas eram pouco transparentes com as comunidades envolvidas. As denúncias indicam que o CAR era usado como documento de propriedade das terras na elaboração dos contratos com as empresas.

Uma das ações é referente ao projeto Rio Anapu-Pacajá REDD, sobreposto aos assentamentos Deus é Fiel, Joana Peres II – Dorothy Stang, Joana Peres II – Rio Pacajá, Rio Piarim e Jacaré Puru. “O projeto é ilegal e se pautou em contrato de compra e venda de terras públicas, em registros imobiliários inválidos sobrepostos aos assentamentos e Cadastros Ambientais Rurais ilegais”, informa o texto da ação. As investigações resultaram na suspensão dos projetos.

Em 2024, o secretário Igor Diniz voltou a incentivar as negociações com empresas de créditos de carbono, em outro vídeo onde fala em favor do CAR individual.

“Se a pessoa quiser preservar para crédito de carbono, se ela quiser criar gado (…) Agora se for coletivo, o dinheiro cai na conta da associação e é o presidente que vai gerir isso aí, ou seja, você está dando a sua vida financeira para uma única pessoa”, diz, em tentativa de deslegitimar o trabalho das associações rurais.

“É um grande interesse pelas terras, pela negociação, pela comercialização de terras. (…) É uma forma de fragilizar as organizações e tornar vulneráveis as famílias que moram lá, para facilitar a venda”, avalia Suzana.

O Brasil de Fato tentou contato com o prefeito e com o secretário do Meio Ambiente, mas não teve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

*Os nomes foram alterados para garantir a segurança das entrevistadas.

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Supremo volta a julgar recurso sobre revisão da vida toda 2m6614 /2025/06/06/supremo-volta-a-julgar-recurso-sobre-revisao-da-vida-toda/ <![CDATA[Thalita Pires]]> Sat, 07 Jun 2025 01:51:18 +0000 <![CDATA[Brasil]]> <![CDATA[Direitos]]> /?p=702622 <![CDATA[Julgamento no plenário virtual deve ser finalizado na próxima sexta]]> <![CDATA[

O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a julgar nesta sexta-feira (6) mais um recurso envolvendo a revisão da vida toda das aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Desta vez, a Corte analisa um recurso do INSS para aplicar o entendimento do próprio STF, que vetou a revisão dos benefícios aos processos que estão em tramitação na Justiça.

Em março do ano ado, o Supremo decidiu que os aposentados não têm direito de optar pela regra mais favorável para recálculo do benefício. A decisão anulou outra deliberação da Corte favorável à revisão da vida toda.

A reviravolta ocorreu porque os ministros julgaram duas ações de inconstitucionalidade contra a Lei dos Planos de Benefícios da Previdência Social (Lei 8.213/1991), e não o recurso extraordinário no qual os aposentados ganharam o direito à revisão.

No voto proferido durante julgamento virtual, o ministro Alexandre de Moraes decidiu que, após a decisão do plenário contrária aos aposentados, deve ser aplicada a nova tese aos processos que aguardavam a decisão final da Corte.

Durante a tramitação do caso no STF, Moraes foi a favor da revisão da vida toda, mas ficou vencido na votação.

“Verifica-se, portanto, uma superação do entendimento que anteriormente prevalecia nesta Corte”, disse o ministro.

Além disso, Moraes reafirmou o entendimento do plenário que garantiu que os beneficiários não terão que devolver valores que foram pagos por meio de decisões definitivas e provisórias assinadas até 5 de abril de 2024, data na qual foi publicada a ata do julgamento que derrubou a tese de revisão da vida toda.

Além disso, os aposentados não terão que pagar honorários sucumbenciais, que são devidos aos advogados da parte que perde a causa.

O julgamento prossegue no plenário virtual da Corte e será finalizado na sexta-feira (13).

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Governo cubano responde críticas sobre aumento nas tarifas de internet j3j3 fala em ‘erro de comunicação’ e se diz aberto ao diálogo /2025/06/06/governo-cubano-responde-criticas-sobre-aumento-nas-tarifas-de-internet-fala-em-erro-de-comunicacao-e-se-diz-aberto-ao-dialogo/ <![CDATA[Gabriel Lopes]]> Sat, 07 Jun 2025 01:46:18 +0000 <![CDATA[Internacional]]> /?p=702587 <![CDATA[Estatal aumenta tarifas de internet móvel; estudantes protestam e governo promete diálogo e transparência ]]> <![CDATA[

Em um cenário delicado de crise social e econômica, a estatal de telecomunicações ETECSA anunciou, na sexta-feira (30), um aumento expressivo e inesperado nas tarifas dos serviços de internet móvel. O anúncio gerou preocupação em diversos setores e desencadeou uma série de críticas públicas, tanto pelo seu alcance quanto pelo momento em que foi feito.

As novas regras estabelecem um limite de até 6 GB de dados móveis subsidiados. Ao atingir esse teto – ao custo de 360 pesos cubanos, o equivalente a 3 dólares no câmbio oficial e cerca de 1,5 no paralelo –, o valor dispara, variando entre 3.360 pesos (por 3 GB) e 11.760 pesos cubanos (por 15 GB), tornando-se inível para uma parcela significativa da população.

De imediato, o aumento das tarifas – assim como o caráter repentino do anúncio – provocou fortes críticas. O primeiro grupo a se manifestar publicamente foi o dos estudantes universitários. Em uma carta publicada no dia seguinte ao anúncio, a Federação Estudantil Universitária (FEU) de cinco faculdades expressou sua “inconformidade com a forma como as medidas foram implementadas”, afirmando que elas “limitam significativamente o o à internet dos estudantes e da população em geral”.

Desde então, instituições de ensino superior de todo o país aram a se posicionar contra as medidas, exigindo mesas de diálogo com autoridades da empresa e do governo para “buscar alternativas que permitam solucionar os problemas”. Pouco depois, a empresa anunciou um primeiro pacote de ajustes voltado a facilitar o o dos estudantes aos dados móveis.

No entanto, a maioria das faculdades rejeitou as alterações por considerá-las insuficientes, já que não contemplavam soluções para toda a população. Com diferentes perspectivas e ênfases, várias faculdades vêm mantendo rodadas de diálogo com representantes da ETECSA e do governo em busca de alternativas viáveis.

Respostas do governo 2l6w1m

Na quinta-feira (5) o presidente cubano Miguel Díaz-Canel abordou o tema em seu podcast semanal, sob o título de Medidas da ETECSA: análise crítica. Ao lado de autoridades do Ministério das Comunicações e da própria ETECSA, ele apresentou uma longa reflexão sobre os motivos da decisão e sua relação com as prioridades nacionais atuais.

Díaz-Canel – ecoando os protestos populares – também criticou a forma como a medida foi tomada e comunicada. Logo no início de sua fala, afirmou que, “por respeito ao povo”, o governo precisa reconhecer “onde errou” ao formular ou anunciar as medidas, comprometendo-se a “informar com total transparência as decisões adotadas e os possíveis ajustes”.

Ele explicou que o sistema nacional de telecomunicações enfrenta uma situação crítica e que, sem ajustes na arrecadação, a sustentabilidade do serviço estaria ameaçada. “Abrir mão dessas medidas seria abrir mão de receitas essenciais, o que aceleraria o colapso iminente do serviço”, declarou.

O aumento das tarifas ocorreu justamente no momento em que Cuba tinha ado a priorizar a ampliação da conectividade. Como parte do processo de informatização do país, o tráfego de dados cresceu exponencialmente nos últimos cinco anos: o país ou de uma conectividade móvel quase nula para um consumo médio de 9 GB por pessoa. Esse crescimento acelerado coincidiu com uma forte queda – em dólares – no preço do serviço desde 2021, em função das diferentes taxas de câmbio vigentes.

O mecanismo de ajuste – alvo principal das críticas – busca conter o consumo de dados e, ao mesmo tempo, atrair divisas estrangeiras, incentivando a compra de pacotes de dados por meio de pagamentos externos.

Díaz-Canel descreveu a medida como um “recuo tático” para “seguir avançando na transformação digital do país”. Informou ainda que as instituições competentes foram orientadas a avaliar propostas alternativas e a permanecer abertas às contribuições da população. O objetivo, segundo ele, é continuar realizando “ajustes” e buscando “soluções” frente às insatisfações, especialmente entre os universitários.

O presidente destacou que os membros do governo socialista devem assumir “a responsabilidade que temos como servidores públicos”. Defendeu que os gestores devem “servir, escutar e ser sensíveis aos problemas do povo”, sublinhando que um dos pilares do poder popular cubano é garantir a “participação cidadã nos processos decisórios”.

Ele reafirmou o compromisso com a transparência na gestão dos recursos arrecadados por meio das novas tarifas e garantiu que haverá prestação de contas clara sobre sua destinação. “Queremos explicar com clareza as decisões e os possíveis ajustes, detalhando onde os recursos estão sendo aplicados e quais benefícios trarão”, acrescentou. Segundo ele, a receita será usada para quitar dívidas em infraestrutura tecnológica e garantir os investimentos necessários para a continuidade dos serviços.

Enquanto isso, a presidente da ETECSA, Tania Velázquez, pediu desculpas publicamente pelos impactos das novas tarifas. Apesar disso, defendeu a necessidade da medida: “Não queríamos adotar essa decisão, mas ela se mostrou inevitável”.

“Sabemos que essas mudanças causaram desconforto e prejuízos, especialmente entre jovens e estudantes. Pedimos desculpas a eles e estamos abertos a escutar suas propostas”, concluiu.

Protestos estudantis 3s2c6j

Enquanto os anúncios do presidente ainda eram analisados, na sexta-feira (6), representantes estudantis reuniram-se com o Ministro da Educação e propam a criação de um Grupo de Trabalho Multidisciplinar, com o objetivo de buscar saídas para a crise gerada pelas novas tarifas.

Em entrevista ao Brasil de Fato, José Almeida, secretário da coordenação da FEU em Havana, defendeu a participação ativa dos estudantes e o debate público, destacando que a participação popular é um dos pilares da cultura política da Revolução.

“Em Cuba, temos uma institucionalidade construída com base em uma longa tradição de participação popular. Tudo o que conquistamos foi forjado junto ao povo – um povo que, por mais de sessenta anos, tem sido protagonista da própria Revolução. Esse é o nosso legado: uma tradição que garante espaços de diálogo e escuta”, afirmou.

“Sempre é possível melhorar, e cabe a nós – especialmente aos jovens – não nos acomodarmos e trabalharmos para aperfeiçoar o que for necessário. É essa a tradição que defendemos: a tradição da Revolução, que precisa ser preservada e fortalecida.”

As ações dos estudantes – que assumiram um papel de liderança – não se limitaram à discussão sobre os pacotes de dados. O debate abriu espaço para reflexões mais amplas sobre o papel das empresas estatais socialistas, como a ETECSA, sobre o pacto social e os direitos nos quais a Revolução se sustenta, além dos mecanismos de participação e crítica dentro do processo decisório.

Desde o anúncio do reajuste, afirma Almeida, os estudantes mantiveram o compromisso de “buscar soluções”, expressando com clareza suas “divergências e reivindicações”.

“Desde então, vários canais de diálogo e consulta foram abertos, e há disposição para avançar na construção de respostas que atendam às nossas demandas. No entanto, alcançar um consenso não é simples: exige escuta, compreensão e, acima de tudo, tempo”, refletiu.

Ao longo da semana, diferentes posições surgiram entre os estudantes. Por meio de cartas redigidas em diversas instituições, expressaram-se opiniões e propostas de novos espaços de debate sobre como dar continuidade às reivindicações.

“É natural que existam diferentes pontos de vista sobre qual é o melhor caminho a seguir”, afirmou Almeida, destacando que os representantes estudantis devem “ouvir todas as vozes”.

“Estamos trabalhando para construir um consenso entre os estudantes ou, se isso não for possível, para garantir que a decisão da maioria seja respeitada”, finalizou. Ao mesmo tempo, alertou para campanhas de desinformação e manipulação que, segundo ele, tentam distorcer o que acontece em Cuba.

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‘Obsoleto’ d5p67 novo disco de Seu Pereira e Coletivo 401 mistura brega, rock e crítica social /2025/06/06/obsoleto-novo-disco-de-seu-pereira-e-coletivo-401-mistura-brega-rock-e-critica-social/ <![CDATA[Adele Robichez]]> Sat, 07 Jun 2025 00:48:12 +0000 <![CDATA[Cidades]]> <![CDATA[Cultura]]> /?p=702564 <![CDATA[Em turnê pelo Sudeste, banda se apresenta nesta sexta-feira (6), às 22h, em São Paulo]]> <![CDATA[

Com mais de 15 anos de estrada, a banda paraibana Seu Pereira e Coletivo 401 lança seu novo álbum, Obsoleto, em turnê pelo Sudeste. O vocalista e compositor Seu Pereira falou com o Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, sobre as influências do disco, o resgate do brega setentista e a resistência da música independente. “Sou de 77, e muita coisa já era. Estava cheio de CDs na estante, DVDs que não tenho onde assistir”, conta. A canção que dá nome ao disco brinca com a ideia de banda de rock em tempos digitais. “Continuamos nessa luta, insistindo nisso”.

O grupo se apresenta nesta sexta-feira (6), às 22h, na City Lights Music Hall, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, trazendo ao palco as novas faixas, que transitam entre a Música Popular Brasileira (MPB), o rock e o brega sem perder o sotaque paraibano. “A música brasileira, independentemente do estilo, e a nossa música também, não dá para definir dentro de uma bolha”, afirma. A escolha por manter a base em João Pessoa é uma das formas de reafirmar essa identidade. “Eu canto a Paraíba, o Nordeste, a minha cidade”.

Na entrevista, Seu Pereira também critica a forma como o poder público trata a cena alternativa. Em maio, um show da banda foi interrompido pela Polícia Militar em Campina Grande, na Paraíba, após o músico gritar “sem anistia”. Para ele, foi um ato de censura, legado da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Estávamos numa casa de show promovendo cultura, arte, não era vagabundagem. […] Por causa do governo ado, essa pauta foi incrementada: a caça à cultura, aos artistas, como se os artistas fossem vagabundos”, lamenta.

A banda segue agora com shows no Rio de Janeiro e se prepara para novas etapas da turnê pelo Norte e Nordeste, e com o projeto Travessia, ao lado de um grupo musical do Norte. Apesar dos desafios da estrada, Seu Pereira valoriza o apoio do público e a força das redes coletivas de financiamento. “Estamos ralando, mas já dá para seguir aqui e por lá. […] É mais importante o nosso público, nesse momento, ouvir nossas músicas, melhorar o nosso stream”, pede.

Confira a entrevista na íntegra: 4k5fi

Como foi o processo criativo do novo disco Obsoleto, da banda Seu Pereira e Coletivo 401, e quais foram as suas principais influências?

Já faz um bom tempo que viemos flertando com essas músicas mais setentistas. Eu ei a ouvir muito, de uns anos para cá, principalmente na pandemia, e aí as canções foram nascendo mais com essa pegada, essa harmonia, esse toque mais retrô. Quando eu compus “Obsoleto”, a música que dá título ao álbum, estava percebendo que sou de 77, e muita coisa já era. Eu estava cheio de CDs na estante, DVDs que eu não tenho onde assistir. Aí brinquei com isso, e acabou fazendo essa ligação com o que a galera, de repente, julga hoje como “obsoleto”. Essa ideia de lançar disco, uma banda de rock. Continuamos nessa luta, insistindo nisso.

Você falou sobre essa onda setentista, citou o Belchior também. O disco também remete a uma estética do brega, por exemplo, Odair José. Também tem o mix com Belchior… São cantores extremamente populares, mas alguns deles demoraram a ser reconhecidos pelo seu valor artístico, não é?

Demorou. Existiu um preconceito com Odair José. Hoje não, a galera consegue percebê-lo. Na Paraíba, cresci com Thiago Sombra, o baixista do Barra da Torre, nos botecos de esquina. Aquele ritmo do baixo mesmo, de Marcio Greyck e tantos outros cantores. O próprio Reginaldo Rossi… Isso, há um tempo atrás, era visto como “brega”, o brega como algo negativo. Hoje não. Enfrentamos isso, e trabalhamos muito bem com esses elementos. E o público adora, gosta muito.

A música Obsoleto dialoga com essa capacidade da banda de se reinventar sem perder a identidade. Como vocês equilibram inovação e tradição dentro da música brasileira e no trabalho de vocês?

Existe uma identidade muito forte da banda. Em 2022, lancei meu primeiro disco solo, o Módulo Lunar, com canções mais introspectivas. Mas qualquer canção que trabalhamos, conseguimos deixar com a cara do Coletivo. Nesse disco novo, Obsoleto, temos uma canção do Chico César, Autopistas, e uma canção de Chico Limeira, que é um compositor paraibano também, da nova geração. Então deixamos essa identidade. É engraçado que a galera quer ser uma banda de rock, mas às vezes nos classificam como nova MPB. Então acho que é isso: vamos fazendo o nosso trabalho e tentando nos enquadrar dentro da música popular brasileira.

É importante deixarmos de rotular as coisas? Você acredita que a música às vezes fala muito mais do que um simples rótulo?

Já tentaram nos colocar como música regional, pelo fato do sotaque. Só que, no final das contas, é música, é a música que está sendo feita no Brasil. A música brasileira, independentemente do estilo — brega, rock, MPB —, e a nossa música também, não dá para definir dentro de uma bolha, de um nicho, já que flertamos com vários estilos. É música brasileira.

O disco foi gravado em João Pessoa, um polo cultural do Nordeste. Como a cultura local e as questões sociais da Paraíba influenciaram as composições e a sonoridade desse novo trabalho?

O sotaque é forte. Durante muito tempo recebemos referências das bandas do Sudeste. Quando era adolescente, eu cantava meio “bicheando”, porque ouvia muito o rock dos anos 80 e 90. Até começar o movimento do Manguebeat, em Pernambuco, nosso estado vizinho. Acho que ele foi a grande e última revolução da música brasileira nessa questão de procurar uma identidade. A partir daí, anos 90, 2000, comecei a valorizar mais o sotaque e deixá-lo mais forte.

Eu canto a Paraíba, canto o Nordeste, canto a minha cidade. Tem canção em que falo da Praia da Penha. Essa canção de Chico César agora, gravei porque me identifiquei, fala de duas cidades da Paraíba, Rio Tinto e Mamanguape. Minhas avós nasceram nessas cidades.

No primeiro show da turnê, ontem em Belo Horizonte, falei sobre isso. Sei que a galera fica sem entender quando eu canto Rio Tinto, canto Mamanguape, mas é o que estamos falando. Para mim, é importante falar, cantar essas bandeiras.

O movimento Manguebeat vai ser homenageado, na pessoa do Chico Science, pela Escola de Samba Grande Rio, do Rio de Janeiro, com a presença polêmica da influenciadora Virgínia Fonseca como rainha de bateria. Como você vê essa apropriação de movimentos como o Manguebeat e do legado do Chico Science por outras culturas, em outros locais?

Acho interessante valorizar as istas da sua própria comunidade. Isso é mais importante. Isso o Chico Science defenderia, já que o Manguebeat falava sobre o território, o chão dele, o mangue. Mas o movimento foi muito criticado por misturar o rock, a guitarra, o funk e tal. Então acho que ele não se incomodaria tanto com essa mistura, essa geleia geral, como ele mesmo falava.

Recentemente, houve um episódio envolvendo a interrupção de um show de vocês em Campina Grande. Ao que parece, a interrupção foi uma forma de censura, especialmente após manifestações políticas. Após um período em que a arte foi perseguida nos últimos 5 anos, ainda restam resquícios disso em instituições como a Polícia Militar?

É triste isso. E o mais triste de tudo é os profissionais da polícia não se enxergarem nessa condição. Eles trabalham para nós, para o povo, para a segurança. Estávamos numa casa de show promovendo cultura, arte, não era vagabundagem. Por causa do governo ado, essa pauta foi incrementada: a caça à cultura, aos artistas, como se os artistas fossem vagabundos.

O que aconteceu em Campina foi isso. A forma como aqueles policiais agiram foi intolerante, o show de repente terminou. Era só esperar. Eu gritei “sem anistia” no meio do show. Vinte minutos depois, por coincidência, alguém denunciou, e veio a polícia.

Numa cidade maravilhosa que é Campina Grande, onde a banda nasceu, apesar de eu ser de João Pessoa, acabou que isso se tornou algo interessante. Na hora, convoquei o público: “Não vai dar para terminar o show aqui, mas vamos para o Parque do Povo”, onde, naquele momento, estava acontecendo o maior show, com som ensurdecedor, todo tipo de música rolando para milhares de pessoas. E estavam pegando no pé de uma casa de show pequena.

Então fomos para o Parque do Povo, o povo foi junto, cantar junto. Foi um lance muito importante para a biografia da banda, para a nossa história.

Você acredita que existe uma diferença na forma como eventos independentes e grandes festas tradicionais são tratados pelas autoridades locais? Como isso afeta a cena musical alternativa da Paraíba?

Existe porque é uma questão de grana. É o dinheiro que manda. Eu até brinquei na hora, que achei bem incoerente: em frente ao Parque do Povo, tem quase 40 dias de som alto porque ali tem patrocinadores, empresas de bebida, muita grana envolvida, então é muito dinheiro para a prefeitura. Aí eles acabam pegando no nosso pé, dos artistas independentes, nessas casas de show que estão querendo promover cultura. Acho isso triste. O poder público deveria olhar melhor para isso, e não só na Paraíba, não só em João Pessoa. Isso acontece no Brasil inteiro, infelizmente.

No contexto de políticas públicas para a cultura, como que você avalia o impacto dos cortes e dessa desvalorização do setor cultural nos últimos anos para artistas independentes?

Quando gravamos o nosso primeiro disco, tivemos um apoio por meio da lei de incentivo cultural da prefeitura, que é importante para quem está começando. O poder público olha melhor para os empresários de cultura locais, para as casas, os espaços. Até mesmo em relação à contratação: em Campina [Grande] uma coisa incoerente que acontece é o São João, uma festa nordestina, o momento de ver grandes artistas, inclusive da nova geração, que leva essa bandeira do forró, da cultura popular, de repente, tem artista que não tem nada a ver com a cena em si. A questão de gênero é uma questão com o momento, o São João. Eles fazem isso justamente porque quem fala mais alto é a grana.

Ao mesmo tempo, eu acho que eu, como artista independente, a partir do momento que eu consigo caminhar com as próprias pernas… Claro que queremos que o poder público chegue junto, mas é interessante que consigamos conquistar esse público, como estamos fazendo no resto do Brasil. Eu prezo demais que o poder público olhe para os artistas populares, para a galera que está na colheita, trabalhando durante o dia e à noite faz aquela festa, que é o coco, a ciranda, o maracatu. Isso eu acho mais importante ainda: que olhem para isso.

Alguns dos discos da banda foram financiados de forma independente e contam com apoio direto do público. Como você vê o papel dessas redes de financiamento coletivo na democratização do o à cultura e na valorização de artistas fora dos eixos tradicionais do mercado musical?

Fundamental. Para o disco que lançamos em 2017, fizemos campanha em 2015, 2016 e ficamos surpresos como o público chegou junto. Nos sentimos abraçados. Esse último disco já foi graças a isso porque é aquela velha história de andar com as próprias pernas. O primeiro disco foi com apoio governamental. O segundo disco foi com apoio do nosso público. Hoje, estamos conseguindo essa performance, já bancar…

Que esse exemplo sirva para outros artistas. E que as pessoas valorizem realmente quem está começando, ralando para começar. Estamos ralando, mas já dá para seguir aqui e por lá, podemos nos inscrever em algum edital, como viemos nos inscrevendo, e também pedir ao nosso público. É mais importante o nosso público, nesse momento, ouvir nossas músicas, melhorar o nosso stream.

Vocês têm um show hoje em São Pauo, depois seguem para o Rio de Janeiro. Quais os planos para depois desses shows na região Sudeste?

Hoje vai ser na City Lights, [no bairro de Pinheiros, em São Paulo]. Ontem foi massa em Belo Horizonte. Muito feliz de estar lançando esse disco aqui no Sudeste, estamos nos sentindo em casa aqui porque as casas [estão] cheias, nos recebendo. Optamos por ficar em João Pessoa, e é raro para um artista que optou por ficar no seu canto se sentir abraçado nas outras regiões do Brasil.

Depois desse lançamento, voltamos para João Pessoa e vamos preparar, ver essa como vamos fazer esse lançamento no Norte e no Nordeste. Em julho, está vindo uma banda do Norte acampar para fazermos essa conexão Norte-Nordeste. Não está ligado ao lançamento do disco, à junção das duas regiões. O nome do projeto é Travessia, vamos sair de Natal até Aracaju, Sergipe, com essas duas bandas. Norte e Nordeste juntos.

Como é essa experiência? Vocês já viveram esse tipo de turnê coletiva?

Já. Parece glamouroso, mas a minha voz está rouca, na corrida de estrada e tal. Estou agora no meio do corredor do hotel fazendo o vídeo. É tudo muito corrido, muito rápido. Ja fomos de Natal até São Paulo, foi bem bacana. Quase 20 pessoas circulando. E aí tem tudo: diversão, arengaarengar na Paraíba, que é briga, confusão –, mas assim é a vida do artista independente. É cansativo, mas ao mesmo tempo é gratificante, ainda mais quando você chega e o público está lá, esperando.

Para ouvir e assistir 3p5s6h

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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MST conclui semeadura aérea de 10 toneladas de palmeira juçara para reflorestamento no Paraná 4c2d2t /2025/06/06/mst-conclui-semeadura-aerea-de-10-toneladas-de-palmeira-jucara-para-reflorestamento-no-parana/ <![CDATA[Geisa Marques]]> Fri, 06 Jun 2025 23:21:28 +0000 <![CDATA[Agroecologia]]> <![CDATA[Meio Ambiente]]> <![CDATA[Socioambiental]]> <![CDATA[agroecologia]]> <![CDATA[meio ambiente]]> <![CDATA[mst]]> /?p=702341 <![CDATA[Ação integrou a 3ª Jornada da Natureza organizada pelo movimento como parte das atividades do Dia do Meio Ambiente ]]> <![CDATA[

Onze toneladas de sementes de palmeira juçara foram semeadas com o auxílio de helicópteros no Paraná em ação organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entre terça (3) e sexta-feira (6). 

A semeadura aérea integra a 3ª Jornada da Natureza – “Semeando vida para enfrentar a crise ambiental” –, que começou no dia 2 e segue até 7 de junho, como parte das mobilizações pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado nesta quinta (5). A iniciativa envolve camponeses, povos indígenas, universidades, órgãos públicos e instituições federais em um esforço conjunto de reflorestamento da Mata Atlântica e fortalecimento dos territórios da reforma agrária.

As semeaduras aéreas ocorreram no assentamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, e na comunidade agroflorestal José Lutzenberger, em Antonina. A ação também foi realizada na Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, onde vivem os povos Kaingang e Guarani. O trabalho foi realizado com apoio de helicópteros da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e simboliza um esforço massivo de recomposição ecológica da palmeira juçara, uma espécie nativa e ameaçada de extinção no bioma da Mata Atlântica.

Indígenas se mobilizam para semeadura de palmeira juçara na TI Rio das Cobras | Foto: Vino Carvalho/ Divulgação MST | Vino Carvalho / Divulgação MST

Na Terra Indígena Rio das Cobras, a ação lançou duas toneladas de sementes e foi celebrada como um marco pela comunidade. “Se a natureza morrer, morre o indígena. E se o indígena morrer, morre a natureza. A gente faz parte de todo esse ecossistema”, afirmou Adelar Fagpri Felix Manduca, liderança Kaingang. Segundo ele, é a primeira vez que a comunidade participa de uma atividade ambiental dessa dimensão, com envolvimento direto dos povos originários e sem mediações.

Em Quedas do Iguaçu, oito toneladas de sementes foram lançadas sobre áreas de reserva ambiental da comunidade Dom Tomás Balduíno. A atividade contou com a presença do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, que destacou a importância da ação para a restauração ecológica e a segurança alimentar. “Essa semeadura promove a preservação, o reflorestamento e também a renda para as famílias camponesas, por meio do processamento do fruto da juçara”, disse.

A secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Fernanda Machiaveli, também participou da ação e reforçou o papel da reforma agrária na promoção da justiça climática. “Essa jornada é o símbolo do que é o processo de transformação que a reforma agrária pode promover: produzir, preservando nossos recursos naturais, a nossa biodiversidade, garantindo que a juçara continue aqui por muitos e muitos séculos”, afirmou.

Na presença de representantes do governo, o MST cobrou a efetivação da reforma agrária. “Temos 950 famílias esperando o assentamento [em Quedas do Iguaçu]. Essa mensagem precisa chegar ao presidente Lula”, declarou Jonas Natan, da coordenação do acampamento Dom Tomás. Para o MST, plantar juçara é também plantar futuro, soberania e justiça social.

Estratégia a longo prazo 3wq5t

A semeadura aérea da juçara é parte de uma estratégia de longo prazo. Ao todo, 21 toneladas de sementes serão lançadas ou plantadas diretamente no solo em dezenas de comunidades camponesas e indígenas do Paraná, com oficinas práticas, mutirões de plantio e atividades educativas. Além de restaurar ecossistemas, a proposta busca fortalecer a soberania alimentar e a geração de renda por meio do beneficiamento dos frutos nativos.

A iniciativa conta com o apoio de instituições como o Ibama, Embrapa, Incra, universidades públicas e da PRF, responsável pela operação dos helicópteros. A parceria entre camponeses e agentes públicos tem sido vista como exemplo de política ambiental com participação popular. “A semeadura aérea imita o que a natureza já faz. Aqui, usamos tecnologia e organização popular para restabelecer o equilíbrio ambiental”, explicou o comandante Juliano Kunen, da aeronave da PRF.

Lançamento aéreo de sementes de palmeira juçara
As sementes vão contribuir com o reflorestamento da Mata Atlântica | Foto: Diagela Menegazzi / Divulgação MST | Diangela Menegazzi / Divulgação MST

Na comunidade Dom Tomás, o evento foi batizado de Festa da Semeadura da Juçara e reuniu famílias camponesas, estudantes, autoridades e pesquisadores. Um café da manhã coletivo apresentou alimentos produzidos com frutas da Mata Atlântica – como pães, sucos e geleias – resultado de parcerias com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e com o Laboratório Vivam de Sistemas Agroflorestais. A ideia é valorizar a floresta como alimento, renda e cultura.

“Para além da semeadura, da defesa da natureza, da materialidade que existe aqui, o nosso projeto é sério, com perspectiva socioeconômica, e é um projeto que tem sabor, cheiro, gosto, e textura, e queremos que vocês possam saborear”, garantiu Tarcísio Leopoldo, integrante da direção estadual do MST e da coordenação da comunidade, na abertura do café. O projeto das famílias envolvidas com a produção das polpas das frutas nativas é avançar para a construção de uma agroindústria de beneficiamento dos alimentos.   

A Jornada conta ainda com a inauguração de um viveiro, neste sábado (7), e um horto medicinal no assentamento Contestado, na Lapa, com capacidade para produzir mais de 100 mil mudas por ano, com foco em espécies da floresta ombrófila mista, a conhecida floresta de araucária.

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